SE TIVESSE FEITO UMA VOLTA AO MUNDO NÃO GOSTARIAM DE SABER SOBRE MINHA EXPERIÊNCIA

O Horário estava o mais adequado para um encontro completamente despojado. Pensei que durante a semana, usando as roupas oficias do trabalho, um belo terremoto na minha rotina de moda, poderia ser suficiente para aliviar um pouco, aquela garota presa. E vocês duas estavam tão lindas em seus respectivos mundos com as portas abertas para eu entrar que não pensei duas vezes, não pedi para entrar. Fui inconveniente.  

Apoiei minha mão sobre a mesa, já que havia perdido um pouco do assunto e apenas sorria para as velhas histórias engraçadas sobre nossa infância. Olhar para bolsa e, abri-la sempre foi um vício para fugir de algo que eu mesma não conhecia. Mesmo vocês duas me abraçando não me deixando se sentir excluída e estando um pouco distante, estavam lá e eu sabia que nossa presença estava mais de que incrível.

Seria incabível contar sobre a pessoa que me tornei, aquela que jamais iria me tornar quando debaixo de uma sombra, nas férias do semestre, jamais me tornaria. Talvez uma frustrada ou obediente? Nenhuma das duas. Apenas vivendo, e tentando ser feliz.

Todas com filhos, e família. Sem perfeição. Mais cedo do que imaginávamos quando decretamos uma lei de casamento e felicidade eterna.

“Concluir e conhecer todo o mapa mundi, era o nosso principal objetivo, não tinha outros meninas.”

Gargalhadas ao barulho de talheres e, xícaras de café faziam a composição de um dia divertido e produtivo.

“Mais alguém além de nós três com essas ideias loucas?”

“Não eram e não são ideias loucas. As pessoas fazem isso hoje em dia, se tornou mais comum do que pensávamos antes.”

“É.. É, pensar que... Meninas, será que se tivéssemos feito isso, estaríamos satisfeitas e espalhando para todo mundo, a mudança que é conhecer o mundo?”

“Pode ter certeza que não! Esse café é mais valioso que qualquer viagem ao redor do mundo, vai por mim.”

SERIA PEDIR MUITO SE AS CONTAS CONGELASSEM NO FINAL DO MUNDO?

Já percebeu que o sonho se torna pesadelo quando acordamos? Mas é complicado ter que passar todos os detalhes do que foi bom quando não lembramos de 99,9% do que se passou em nossa cabeça... Quando tudo é ilusão nós tentamos pegar esse pequena porcentagem e transforma-la na melhor história de sonhos de nossas vidas. E é tão complicado sonhar quando tudo que nos oferecem é estados sem significados. Mas...

Entre nós dois o espírito de crianças não morreu. A gente sabe quando algo que dá dor de cabeça nos faz rir, como uma chuva improvável ou uma simples dança sem música qualquer. Isso vai acontecer, sempre acontece, com plateia ou sem. É mais especial quando não há ninguém, principalmente quando sabemos que os personagens da rua principal somos nós.

“Um casal de apaixonados, ou loucos, estavam dançando no meio da rua.”

Bem que poderíamos morar em algum lugar distante de tudo e não sermos reconhecidos por ninguém. Como dois fantasmas quando na escola não éramos lembrados. Isso vai fazer qualquer sentido quando uma conta, uma cobrança e dívida chegar em seu nome, a sua única vontade é pagar, ficar limpo com os órgãos e esquecerem que você existe.  

Se a vida fosse mais nossa amiga a distância por algum acaso não nos afastaria. Por algum motivo o destino sabe o que faz não nos colocando no mesmo lugar sempre.

“Um casal de amigos, fecharam a rua no final do dia.”

Básico, seria pedir muito se as contas congelassem no final do mundo? Ok, onde fica o final do mundo?

A realidade não é ruim, só não suporta nossa consciência de imaginação. Ela é tão consciente da tortura que pode causar que é impedida pela realidade de simplesmente se apresentar. E a única coisa que fazemos é lutar contra quase tudo que nos diz que é impossível, até contra nós mesmos.

FECHAMOS OS OLHOS PARA NÃO ENXERGARMOS DE FATO COMO É A VIDA

Digo que é bom ser amado quando o que procuramos ao longo de toda nossa vida é completar o triângulo da teoria. E se tudo fosse mais fácil, poderíamos viver em um filme. Nada de preocupações ou pessoas palpitando sobre como nosso relacionamento se desenvolve, fracassa e retorna. Cheio de regras, assim ele é.

E quer saber, porque apesar de todas as coisas, não é preciso ser perfeito para ser feliz? Por que a vida te mostra isso. É como ler um livro que vai te ajudar a sair de casa, afirmando que não aparecerá nenhuma poça de água na rua e, “bum”, olha ela lá, no seu pé, na sua calça, na sua raiva e na sua expectativa também. É preciso alguém dizer que as coisas não são perfeitas ou é complicado demais, entender que tudo tem um “q” de esforço e dedicação, com a mão de pessoas?

Dizer que sou dedicada é afirmar que em qualquer situação, serei melhor e darei o meu melhor, quando para ser honesta não. Quantas vezes, é preciso se justificar para dizer que os sentimentos e as emoções estão presentes em todos nós? E que há quem consiga se defender e ficar atrás de um livro e uma teoria?

No fundo queremos cumprir as regras, fazer tudo como é para ser e ter um sentido de vida, além do sentido coletivo. Do sentido de ser bem sucedido, alegre, motivacional, inspirador, e causador de inveja.

Aproveitar as fases é tão importante. E tenho receio de ser amiga para alguém que pode me transformar em algo que não condiz com meus pensamentos. Sim, é possível. Na euforia quando existe a possibilidade de ser um solitário em sala ou em grupos, o desespero fala mais alto que nossa própria confiança.

E a questão é essa? Não! A questão é sobre o amor mesmo. Sofrer de amor, por que não existe um?! Estar com alguém só por estar?!

Pessoas, não é preciso ser especialista para saber o senso comum disso... Disso que é se apaixonar e saber que vai sofrer sim. E tudo na vida são prioridades e faz parte. Todo o mundo diz isso, faz parte da vida. E vale a pena. Não me pergunte porque ou como, e não venha reclamar se nada fizer sentido, só faz. Faz para quem acredita, para quem não acredita que seja feliz com outras ideias, conceitos e crenças.

E é bom ser amado quando a vaidade não encarna o ego e destrói corações alheios. A vaidade não existe no amor. Existe amores doentes e quase todos são, alguns mais discretos, outros, abertamente doentios. Corrigir um amor? Corrigir uma forma de amar? Então, sente a ficção em uma cadeira e dê uma lição de moral, argumentos que destruam completamente a ideia maluca de amar, de acreditar nisso. Você perde tudo e, isso é consequência de qualquer coisa que faça escolha e sentido na vida. O perder tudo é relativo a tudo que nos é importante, não necessariamente que haverá uma perda total, mas um nível de ausência elevado ou nível de presença que antes existia.

E nesse texto, falo, penso e digito como se fosse a campeã em combater, enfrentar e vencer obstáculos. Não sabe você que eu, como você, enfrento, tenho medo e tento fugir deles todos os dias. O amor, as decepções e expectativas e tudo o que envolve sofrimento. Não, eu não quero ser e não sou auto suficiente, pelo contrário, quero trabalhar esse orgulho e vaidade que me pendura, por que sei que irei precisar de pessoas por simplesmente precisar, sem pagar por nada. Caridade e solidariedade está em falta...

“Não quero incomodar”.

“Quero conquistar minhas coisas para não precisar de ninguém.”

Sabe o que você vai conseguir, certo?

Sabe também que a solidão irá te acompanhar... Se estou rindo com isso? Nenhum pouco. Cada um escolhe a maneira que quer viver, cada um se assusta com a mudança de curso que a vida dá. Por que ela dá... a vida adora dar uns sustos.

Não, ei! Na verdade fechamos os olhos para não enxergarmos de fato como é a vida. Criamos a perfeição para fugirmos dos sentimentos ruins que estão em nós. Vez de encara-los, tratamos como um animal selvagem de estimação. Um animal feroz que precisa estar preso, recebendo carinhos como um rei. Como se isso facilitasse uma porta mais fácil de entrar para ser eternamente feliz, sem sofrer.

QUE VENÇA O MELHOR

Ei, espero que esteja bem

Não me dei conta de que estava vivendo. São tantas coisas pensando e pouco fazendo que a sensação exata de uma vida já vivida o suficiente, é real demais para irrealidade que a nossa imaginação e pensamentos criam. Fico assustada – culpada, confesso! – em relação a esse tipo de “nóia” que paira sobre cabeças tão jovens. E eu sinto até pena de mim e do grupo que se sente assim também. Não é mais o hoje, o agora é o amanhã e o depois... o futuro. Isso causa angustia e ansiedade. Percebe isso ou desconsidera? É como aquele velho ditado: “entre a cruz e a espada”.

É! Sinto pena de mim... Que triste. Mas dizem que faz parte, que a vida é isso mesmo. Que para viver é preciso ter um inimigo, escolher uma espada, ter uma primeira luta, fazer ameaças e declarar guerra. “Que vença o melhor!”

E quando é para se dar conta que estamos vivendo? A criação de uma lista de atividades para o futuro é um absurdo para o pequeno presente. Existe aquela questão que todos nós conhecemos, o famoso “plante agora para colher amanhã.” Quanto tempo dura o amanhã? Quantas horas o amanhã chega? Ele é pontual ou tem habilidades humanísticas de se atrasar?

Só estou digitando humildemente mesmo. Não é nenhuma reclamação ou algo do tipo. É engraçado você ter lembranças da infância, ser criança, pedir para crescer e “bum”, aqui estamos.

É! Estamos.

Na verdade quero saber o que realmente é importante para se colocar no papel e valer como comprovante para a certeza de um futuro próximo. É excelente quem vai e faz, planta e colhe e tudo acontece como deveria acontecer. Isso de vazio será que real, depois que se conquista tudo? E o que é esse tudo Meu Deus, afinal?

E todo mundo pode ter tudo e quando chega lá, diz para o céu e a terra que não tem nada.

E a gente fica planejando o amanhã sem pensar no agora, no hoje. Mais também é de se esperar pegar um papel e jogar nele tudo o que o pensamento quer liberar. Só não entendo isso de ter tudo e mesmo assim não ter nada. Realmente não quero saber o verdadeiro alimento para alma. Aquilo que faz com que cada mansão, terra, conquistas materiais façam sentido, tenham um significado, que sejam sequelas de um propósito bem sucedido.

Eu sei que estou sendo dramática demais ao dizer que sinto pena de mim, mas de maneira fofa. O seu João da padaria não vai reclamar. Ele precisa abrir todos os dias, tudo tem que estar quente e fresquinho. Os alimentos, no caso. Seu João precisa trabalhar e para abrir todos os dias, com certeza ama e está confortável com o que faz. Eu preciso tanto aprender com os tantos “João’s”, “Francisca’s”, “Chico’s” dessa vida. É que por mais que tenhamos a bússola, um consolo além do norte, sul, leste, oeste é necessário para guiar além do Horizonte. Entende? O horizonte é belíssimo, e quem já o conhece, sabe exatamente a sensação de olhar a primeira vez.

Não me dei conta que estava vivendo, que o tempo está passando... A gente fica preocupada com tudo que nos envolve, menos com tudo que nos acolhe. E é difícil perceber, porque já criamos tantos inimigos, barreiras e situações arriscadas que perdemos realmente a dimensão da simplicidade que é a vida.

E eu sei, mas fique à vontade para dizer... Eu sei que a vida não é fácil.

Obrigada

Beijinhos!