quarta-feira, 26 de novembro de 2025

PAUSA SEM CULPA

 

Diminui a velocidade, o meu olho treme um pouco menos, consigo me alimentar melhor (mais ou menos), não penso se estou bem vestida ou se serei julgada. Estou descansando e não pense que isso me ausenta de tarefas domésticas. Fico terrivelmente irritada com a rotina monótona, penso todos os dias que pós-graduação irei fazer, pesquiso também sobre mestrado e doutorado. Zerei praticamente todas as séries, e todas não seria possível, pois não gosto de tudo. E nunca foi tão difícil ser mulher no mundo acadêmico. Você não é somente julgada, é também desafiada, intimidada e alvo de dúvidas e questionamentos. Entre a racionalidade e a fé há uma similaridade na loucura, ambas podem te fazer crer facilmente no que existe e no que não existe, ambas podem te deixar malucas se você não tiver o mínimo de calma, serenidade, e consciência da realidade, sendo necessário manter-me longe de delírios religiosos, e epifanias superestimadas. Ambas se consumidas e propagadas de maneira exagerada, provocam personalidades excêntricas, egocêntricas e egoístas. E continuo lendo, pesquisando, e me sentindo só mais uma em uma fila qualquer. Tento pensar de forma eloquente, equilibrar os extremos políticos ou até mesmo ignora-los. Eis o ditado: “Dá missa, tu não sabes o terço”.

E não temer o julgamento e as vestimentas não diz respeito que não me importo, só coloquei como menos importante do que de fato é. Irei fazer coisas que ainda não fiz, e não se trata de viajar ao mundo, se trata de algo mais simples. Na correria, parece estranho descansar numa tarde sem medo de estar pensando quem está na minha frente ou atrás de mim e em qual faixa me encontro na disputa. Quero viver de forma tranquila, sem pensar no que deixo ou não de perder, pois o tempo agora sou eu. E para outras pessoas, eu sou o mundo delas, e elas precisam de um mundo feliz e seguro.

O que o resto do mundo diz que estou perdendo depois resgato, se não for possível não tem problema. Terapia e fé resolvem o tempo, espaço e pódios perdidos.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

UMA PEQUENA HISTÓRIA

Imagine que estás a andar dentro de tua própria casa e escutas atrás de uma brecha solar, horrores sobre como mentem para ti. Imagine fingir que nada sabe sobre estás sombras ditas para manter-se viva. 

sábado, 14 de junho de 2025

MONÓLOGO: SOLTEIRA

Sim, estou solteira, não é mentira. Faz um tempo e eu ainda não me recuperei. Sabemos que uma semana para quem viveu a vida inteira juntos torna-se um século. Não aguentei mais para falar bem a verdade. Primeiro que não fui aceita pela família e parentes, o nível deles estava acima de meu e eu saber disso era obrigação; segundo que além de não ser aceita era excluída de qualquer reunião. Ficou tudo sombrio. O Rogério ia as reuniões, mas não lutava por mim, ele dizia que lutava e, sei que não. Me sentia tão vazia, era tão horrível entender aquele buraco no coração que se estendia para o estômago. Não é que ele não gostava de mim, ele gostava, o problema é que ele não me amava, e um simples gostar não é forte o suficiente para lidar contra uma geração de pessoas destinadas a grandiosidade financeira. Eu fui literalmente uma pedra no sapato, uma funcionária de empresa completamente desajeitada, um car-guinho com cheiro de nepotismo amoroso. Assim me sentia. Será que assim era? Estou perdida. Tantos anos que acabei me perdendo de mim, conhecendo outros gostos e sabores e perdendo os meus; amando o que ele amava, fazendo o possível para ser mais do que a metade, eu fui a i-necessidade dele; o remédio para as dúvidas. Tu entendes que fui um remédio não prescrito? Minha função era fazer o Rogério não sentir que precisava de outra pessoa além de mim. Neste ponto, a família começou a ter razão. Por perceber essas desavenças, fiquei insegura e disposta a não o perder. Ora! Imagina não saber quem és. Se perdesse o Rogério, estava perdendo a mim mesma, isso era desesperador. Traição? Não! Impossível. Foi um relacionamento maduro, não era de gritar ou envergonha-lo. Estava tão dentro de mim que lá fiquei dentro de um casulo, por fora só o corpo: metálico, sorridente e feliz. Um disfarce. Foi tão difícil. Perdi 30 quilos, nada ficava na boca. Será que tem remédio para esse tipo de solidão que sinto agora? Me sinto um fracasso, uma completa inútil. Foi isso que ganhei por não me amar o suficiente.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

ELA

 

Hoje acordei e senti falta de mim. A mulher arrebatadora está tirando um cochilo de milénios de anos. Eu, esse eu, estava guardada desde a infância, e olha onde ela me colocou. Estou numa selva de lobos no corpo de uma mulher de 31 anos com uma mente de sete, você tem noção disso?

Não sei me defender e mais do que isso, não quero me defender e, o motivo não é não saber me defender é, ter preguiça de me defender. A mulher arrebatadora ainda está aqui, não se preocupe, eu, por exemplo, não estou preocupada pois a sinto todos os dias. Te direi mais ou menos como ela está.

Ela está dentro de um espelho. Você sabe quem mora lá? Agora sabe. Eu. Ela está sob uma relva de lençóis de seda, e algodões da melhor colheita; bebe um vinho que a deixa divinamente linda e jovem. Seus pés são macios e suas mãos delicadas como nuvens. Assiste o que tem de melhor na TV, num volume permitido pela ciência. Sua alma está livre de todos os pecados, a mente, livre de todos os medos, assombros e traumas... O nível de trauma que resta é, o suficiente para mantê-la viva perto de um ataque. Ela está bem, está aproveitando.

Todavia, ela tinha me prometido ser meu porto seguro, e olha aonde estou, na selva perto dos animais selvagens e de venenos perigosíssimos. Estou péssima - para não sair daqui e esquecer de perguntar-, não estou bem. Pode-se imaginar que ela me colocou num tipo de escravidão existencial, mas não. Estou aqui pois sou parte da existência dela, e eu, sendo parte dela, fui a mais forte até agora, é por isso que ela está lá, por conta do eu dela infantil, no caso eu.

Oi, prazer.... Esse eu, teve que crescer antes da hora e, passou por coisas que nenhuma criança deveria passar, mas passei e estou aqui. Estou aqui para dar um recado. Tive um sonho, e como todos sabem, sonho em um português corriqueiro são mensagens que nosso inconsciente ou uma parte de nós quer nos dizer. No sonho ela disse que estava tudo bem, só que precisava de um tempo, que ainda estava se preparando, mas que retornaria. Ela disse que ira retornar. Só não disse se aos poucos ou de uma vez.  

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

DOCE

 Tu mentes como também oculta pensamentos. Estes deveriam ser meus, e compartilhados a mim que por ti estou, mas não há nada que possa fazer. É como se meu doce coração negasse te tirar de minha vida. Estes pensamentos que vos refiro causam uma sensação de posse, que no caso és meu. Parece prepotência minha dizer que sou doce, supremacia deixar subentendido que só não te deixo por dó, que consigo ficar sozinha…como se a decisão coubesse somente a mim. E é por mentir, ocultar, negar-se a mudar e mais perceber que sou um peso que uma companhia, que prefiro ficar longes de ti. Teus fragmentos de política ainda me atraem como imã, tua pose de intelectual ainda faz-me querer estar e ficar ao teu lado. É este grande fragmento de pai estilo anos oitenta que permite que nos caibamos num quadrado. 

De resto sobra de ti um inacabável poço de despeito contra mim, e seria esse resto o responsável por conduzir meus pensamentos a uma possível quebra de laços entre nós dois.

terça-feira, 19 de julho de 2022

GOSTAMOS UM DO OUTRO OU DA MEMÓRIA QUE OS OUTROS TEM DE NÓS?


Imagem Ilustrativa - Pexels

Impossível seguir em frente se nossos amigos e conhecidos gostam de nós dois juntos. Lembro de nossas brigas de como feríamos um ao outro sem qualquer tipo de remorso. Não quero mais usar nós dois como ferramenta para uma história que não existe mais. E por mais que eu tente seguir em frente, alguém sempre me questiona em um café qualquer da rua, onde está você, por onde anda, porque estou sozinha. É impossível seguir em frente se as outras pessoas gostam do que fomos um dia, um tempo, e não mais o que somos hoje. Não somos mais o que éramos juntos, e por mais que andemos pela mesma praça e pelo mesmos brinquedos do parque, já não seremos as mesmas pessoas como nos conhecemos. Se tivéssemos um pouco mais de maturidade e se nosso ego não fosse o dono de nossas decisões naquela época, inclusive as emocionais, possivelmente estaríamos juntos. E mesmo com a probabilidade, ainda sim acredito que se estamos separados é porque devemos estar. Não é uma ira do destino ou um fracasso do cupido. Existe idade para o amor. O amor para funcionar precisa de maturidade. Não há sofrimento no amor, no amor romântico entre homem e mulher. As eventualidades, são apenas eventualidades como: uma conta de luz atrasada, falta de água, pneu vazio, preço alto da gasolina e adversidades do dia-a-dia, da saúde. Mesmo juntos, mesmo não nos faltando nada, mesmo superando as eventualidades, a dor que causa danos a um relacionamento, é incapaz de sobreviver ao desrespeito, a incompreensão, a falta de companheirismo, a ausência de maturidade... Então o mesmo se transforma eternamente em uma paixão platônica. Sim, o primeiro amor se não bem conservado, se transforma em um amor nunca consolidado, nunca terminado, porque nunca se chegou ao respeito, a de fato ter abertura para nos conhecermos profundamente, a uma conversa franca e um perdão eterno... Digo que não é tarde, é possível futuramente que nos encontremos, mas não quero encontrar o passado depois de ter avançando nas experiências da minha vida.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

 Mais um ano, e como sempre muitas promessas que não se concluíram são passadas para o próximo ano. É difícil iniciar um ano quando nem ao menos, finalizamos os desejos e metas de anos antigos. É um acúmulo, uma loucura metaforada em cores. Branco, rosa, vermelho, amarelo. É, um pouco de superstição, crendice e até o mais cético se rende ao popular mito das cores. Pode ser que seja pra mesclar que somos incapazes de conseguir o nosso, por nós... Talvez sejamos capazes de conseguir tudo que desejamos, talvez não seja para nós, talvez realmente e infelizmente nos proíbam de crescer.

O ano não se fecha se metas antigas nem sequer foram finalizadas. Essa esperança de tudo novo ao iniciar um novo ano, pode estar mais relacionado com algum tipo de orgulho que a crendice, crendice de fato, sabe? Mas por mim não tem problema, mas posso dizer para você que digitei isso em minutos e que não passarei de branco, nem ao menos com uma mesa farta, muito menos na minha melhor versão física. Estarei com José, meu filho, a melhor coisa que já me aconteceu, durante todos esses anos viva.


Feliz Ano Novo!

domingo, 7 de novembro de 2021

FINITUDE

 A gente passa tanto tempo com o conceito de fazer o nosso que esquece da finitude da vida. Isso não justifica que o medo de não estar mais presente, nos paralise de conquistar o nosso, que justifique nossa ausência de lutar por nossas coisas materiais, por amparo social e status hierarquizado. É que me dói, me deixa triste, saber que muitos que correm e estão mais na frente, esquecem que podem passar por uma lombada a qualquer momento e quando se deparam com o tombo, discursam sobre a fragilidade da origem e a importância do hoje. O conceito de vitória é muito deturpado também, de um lado, faz com que nos sintamos inúteis diante do tempo que estamos usando, no caso, perdendo e do outro, nos mostra que o tempo tem de sobra, mesmo com o ditado de que “tempo é dinheiro”. É uma corrida insana contra o relógio em busca de algo que até mesmo nós não sabemos, quando ficamos frente a frente com situações sem controle. É uma competição que implica outras pessoas mas que mais diz respeito sobre nossas vontades ou vaidades de que realmente a chegada. Já considerei muito falar de pobreza e estar romantizando, gravidez, assim como outros assuntos que causam má digestão. Não digo que me arrependo, mas há pautas que não merecem estar abertas virtualmente. Poupa energia e sanidade mental.

A gente passa tanto tempo se dedicando em construir nosso castelo e, manter no bom conforto quem amamos que esquecemos de lembrar que precisamos amar, antes de mesmo de um boa noite. Passamos tanto tempo considerando amar a nós mesmos que esquecemos de amar ao próximo. Passamos tanto tempo julgando frases como esta que leu anteriormente, que esquecemos de buscar o real sentido. Não é sobre ser bom e ter uma bondade divina, é sobre sentir quando a finitude acaba. Não, eu não sou o tipo de pessoa que diz que ama todo dia, até me acham fria. Também não fico ofendida com os comentários. Fazem parte da vida.

A gente passa tanto tempo considerando que nunca iremos embora, que quando vamos, o chão se abre. Não é sobre achar ou não achar frases clichês, sinônimo de mentira, imaginação etc... é sobre desconsiderar não somente nossa fragilidade, mais algumas verdades que estão em nossa cara, mas que cegos pela arrogância e prepotência, ficamos convictos que estamos certos.

PAUSA SEM CULPA

  Diminui a velocidade, o meu olho treme um pouco menos, consigo me alimentar melhor (mais ou menos), não penso se estou bem vestida ou se s...

Total de visualizações de página