Hoje
acordei sem vontade de acreditar que tenho que ir em busca de meus sonhos e, de
repente nem é. É preciso ir, levantar e dar oi para vida. Ei, mas não é o mesmo
cara de ontem? Não quero estar bonita hoje e quando estiver, nenhum elogio.
Meus prazeres são feitos para mim, se assim agrada quem vê, em nada posso
fazer. Se fosse usar tudo que está na moda, estaria para uma mulher sem
pensamentos do que para uma mulher que conhece a assimetria do próprio corpo.
Vezes grande, medidas inferiores, vezes pequena, medidas superiores. Estou mais
linda dentro que fora, consequentemente não vê isso...
Não
assuste a grosseria, deixei ela no banheiro junto com meu não humor. É que
quando acordo, não penso, ao pensar, já me escassa o sorriso. Deixei ele na
cama, o mundo tem esses prazeres duplos de tirar sorrisos por coisas pequenas e
a durabilidade desses prazeres serem completamente sem qualidade. Noutro dia é o
mesmo dia de ontem, quando o mesmo homem surge. Não dá para esconder que a
noite foi boa, se pensar nem me lembro por que desperdicei assim.... Eu só
preciso de um tempo e um tempo não são dois meses ou um ano, algumas horas ou
dois dias são suficientes para recompor minha sensatez. Me foge a inteligência
quando sinto-me frustrada ao alegrar minha alegria, preencher meu vazio e
descobrir que a validade do copo da noite anterior, equivale a tristeza de
acordar ou estar acordada para outro dia. Preciso de um tempo. E quando me
preenche os olhos, mãos jovens, sei que pela eternidade não as terei, portanto,
preciso sim de tempo, repito, é pouco diante do que já desperdicei e não é nada
diante do que terei, conquistarei ou perderei. Sem síndromes, me veja assim
como estou dizendo, sem máscaras ou completamente preenchida por elas para
sobreviver.
Um
me deixe em paz, fecha a porta, não me elogie, sem necessidades de me sentir
especial... Me deixe sozinha, da porta até o lugar onde estou, distancia
suficiente para te ver, necessário o suficiente para passar por você e não
ouvir um “a”, ou escutar uma sinfonia de críticas e questionamentos sobre
noites, noites. A noite é uma criança? Quem foi o Dumbo que desprezou uma
criança e colocou sombras da noite em algo tão puro? Noite é sombra, luxuria,
pensamentos inoportunos e pessoas promíscuas. A noite é dos desalentos e das
almas perdidas querendo encontrar outras sombras perdidas de alegria. Criança
nada haver tem com isso. A alegria da noite é marcada e tem hora de término.
Termina ao despertar da realidade. Velho amigo, sigo com minhas tralhas,
sentindo no peito o arrependimento da validade vencida de um prazer sem
qualquer credibilidade. Aos cavalheiros de coração apaixonado, mulher como eu
tem costumes inapropriados em dispensar amores ao amanhecer, portanto, sem
amores ao amanhecer.
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