quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

HEI DE SENTAR UM DIA E ME ACALMAR



Ler é bom quando a mente está livre...E não pergunte sobre essa tal liberdade leituristica.
Fico horas tentando montar uma história. Começar pela estratégia de pegar pontos invisíveis. Fizesse eu como Clarice que julgava o quarto de sua empregada, antes mesmo de abrir - um poço de mofo! Pensara ser um cômodo misere e ao entrar, o quarto era mais limpo que toda a casa. Ler Clarice foi e é difícil para mim. A juventude me proporcionou essa garantia. Se leu Felicidade Clandestina, sabe que A Paixão Segundo G.H, sou eu, com um livro dela, que não me pertence. Não sei realmente com quantos anos irei devolver, mas não tive sequer influência dessa tal felicidade.
Eu fiquei horas tentando montar uma história.
Uma hora perdida... Não te conto que no meio de todos os meus poucos livros, existem duas histórias sem início e fim. Isto parte da minha capacidade de unicamente não acreditar que vou concluir ou sequer iniciar isso. Sei o trabalho que dá, portanto evito ao máximo pegar estas duas folhas. Falta-me incentivo, óbvio. Querer, todos nós queremos; queremos fazer, mas não conseguimos por algum motivo: seja procrastinação ou preguiça.
Nessas horas que passo com medo de encarar meu destino em branco, fico isolada, sozinha, buscando uma conclusão, um sentido, um fim.
Todas as histórias para mim são óbvias. Ultimamente, todos morrem no final ou montam um plano heroico para fazerem todos acreditarem no fim fatídico. As histórias precisam ser histórias. Ler é respeitar a ideia central do autor: se morreu, morreu. Não compete pensar nos sentimentos de quem ler, se gostou ou não. Eis a história, é essa, ponto! A vida não imita a arte, porém a arte imita a vida, e na vida, não há espaço para disfarçar uma morte e salvar o herói. Também não posso dizer que podemos pegar sempre finais infelizes e, ficarmos felizes com isso.
Um ponto: Sei pouco sobre todos os assuntos e, muito sobre tudo de forma picotada. Talvez esse seja o erro: de me encontrar e ser de uma geração dividida entre sair daqui e ficar aqui. Portanto, falo de Clarice, mas não sou a pessoa mais culta do mundo. No momento estou em construção, junto com outra pessoa.
Isso, ninguém sabe o quão complicado é. Decidir ser uma mulher com os poderes da Barbie... É insano.
- Acho que não vou conseguir!
É óbvio. Essa é a sensação de ser tudo, menos o essencial e o fundamental. Sinto-me com várias mãos, todas fazendo tudo, porém trocando os objetos e os colocando em lugares errados.
Hei de sentar um dia e me acalmar. Há quem senta e queira mais adrenalina, mais trabalho, mais vida, mais movimento intelectual. E eu só me preocupo com o vasto esquecimento de ler tão pouco e, já sentir nos ombros, a consequência desse trabalho.
Escuto também que há quem não aguente mais Clarice. Pois bem... Me incomoda o fato de expor tamanha grosseria. É que não entendem: não importa se tens doutorado ou mestrado, sim, serás a pessoa mais incrível do mundo. Porém isto também pode te tornar um ser totalmente vago, vazio, prepotente, e ignorante, mesmo com todo o conhecimento que tens ou irá adquirir.

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DOCE

 Tu mentes como também oculta pensamentos. Estes deveriam ser meus, e compartilhados a mim que por ti estou, mas não há nada que possa fazer...

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